segunda-feira, 12 de julho de 2010

Eternidade I

A tempestade bate à porta
Cunhando um novo significado para duas sílabas,
Arruinando lavouras,
Destruindo vidas...

Uma reunião de amigos
Um mês de trabalho
A vida de um filho:
O que nos dá o mundo
ele nos arranca,
Como a uma flor murcha do jardim.

Eclipsa todas as esperanças
Mas continuamos a esperar
Como não poder ver as estrelas no céu subitamente escuro
Mas acreditar que estão lá.

E do mesmo modo que se fez noite
Faz-se dia
Mas já não estamos no mesmo mundo:
Tudo esta vazio.
O que resta é uma lembrança – solúvel, inatingível
Que se esvai com um suspiro
E cai, então, o manto do esquecimento.

Quero acordar ao estralar dos dedos
Mas o deserto de areia não desaparece.
A lua cobre o sol – dispensando a peneira...
E então passo a ter vidro sob os pés
Será que a Terra está esquentando?
A cidade está sob a lava do vulcão
E eu estou flutuando entre as nuvens tóxicas resultantes da erupção.
A alvenaria agora é pó
E os corpos cinza são feitos de mármore.
Não sou um deles...
Mas poderia ser
Bastaria que fosse o meu tempo de morrer;
Mas não tenho tempo
Pois preciso de abrigo
É tempo de fugir
É tempo de acordar
Tempo de buscar, tempo...
É tempo de viver
Já não é tempo de sonhar.

Soberano, indomável
Cruel cavaleiro solitário
Ajuda a uns, renega a outros
Mas é sempre a esperança de todos...
Qual é o teu critério de seleção?
Não me digas, mas te peço:
Por favor, não fujas,
Eu preciso de ti.

Já não posso ver as estrelas
nem o que sobrou de sua luz
nem o sol, nem a lua que o cobre...
Agora sou o vidro que se parte sob os teus pés
Em mil cacos
ou até mais...
Tantos, que nem a eternidade pode contar...
Mas, Tempo, tempo para ti não é problema!
Diga-me, tu, quanto tempo tu tens?
Quanto tempo tenho eu?
O suficiente para juntar meus pedaços até quebrar outra vez?
Não, não me diga nada.
Não me diga por que fugistes
Não me diga por quê...
Nem traga de volta as estrelas que apagastes,
As flores que arrancastes
ou as vidas que destruistes.
Ironicamente, não tens escolha...
Não há caminho de volta
Para nenhum de nós:
O fundo do poço já é próximo
Mas há uma luz no centro da Terra.

2 comentários:

  1. PQP Gabriela eu não tenho nem palavras pra descrever o que eu li. sinceramente isso é tão bom que se [des]explica por si só. parabéns

    ResponderExcluir
  2. Lucas Gonçalves12/07/2010, 17:38

    gabbb
    serio ja ta no favoritos *-* mt bom mesmo, fã de carteirinha certo \ooo/
    me identifico mt com essas confusoes rs... ta dahora mesmo linda
    beijoes

    ResponderExcluir