quinta-feira, 15 de julho de 2010

Dois pontos formam uma reta

Era uma vez uma caneta macia
Deslizando por um papel poroso
Guiada pela poetisa-vazia
Que nunca chorava o que pouco sentia
E pouco sorria o que sentia doloroso.

Suas unhas eram redondas
Com pedaços de pele espetada
Suas idéias obtusas lhe vinham em ondas
Sempre que pensava em sua semana parada

Ao deitar em seu travesseiro de flores
Ela sonhava sonhos arborizados por horas longas
A poetisa guiava seus sonhos por sonhos encantadores
Cheios de casas amarelas e pés de maçã
E sonhava longamente até de manhã

Até que um dia a caneta acabou
As folhas rasgaram, as flores murcharam
E ela esqueceu o sonho que sonhou
Seus peitos cresceram, suas idéias mudaram
E ela não pôde evitar...

E num outro dia, enquanto tricotava e sorria
Um neto seu trouxe uma maçã para ela
Ela agradeceu gentilmente,
mordeu um pedaço e observou, descrente
Que sua casa era amarela... 

Um comentário:

  1. Caramba!Que conveniente você ter postado no meu blog,pois apenas assim,pude achar uma poesia que salvou minha noite fria!Vou postar a terceira parte de BREU. Espero que tenha gostado! Você é extremamente talentosa! :D

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