domingo, 29 de agosto de 2010

Tão, tão sutil...

A cada manhã de verão
Quando se acorda com o sol na janela
Ou mesmo no inverno
Quando há diversas cobertas quentes
Mas a neve branca cobre tudo lá fora
Mesmo quando tudo parece a caminho do equilíbrio
Mesmo quando poderia estar tudo bem
Para ele não estava, há tempos já não estava

Escondido atrás de tanto potencial
Atrás de sorrisos cordiais e seu ar divertido
Acreditando no bem maior de cada ser
Amando a todos por já não ter a quem amar
Por eles terem sido arrancados um a um
Escorregando de seus longos dedos
E no fundo, ele sempre soube, por sua própria culpa
                                                     
Toda sua ganância abnegada
Escondida, por tanta vergonha
Nós percebemos, nos pequenos detalhes, senhor
Percebemos ter sucumbido
Essa marca em seu rosto quase deixa tudo claro
Sua presença tão forte
Seu corpo tão velho
Suas lembranças tão tristes
Seu coração tão ferido
Seu amor tão...

Não se culpe tanto,
Eu gostaria de poder ter lhe dito isso
O senhor foi bom
E apesar de saber que toda sua bondade 
Não foi o suficiente para compensar sua dor
Não se culpe tanto
Ninguém é perfeito, nem mesmo o senhor
E cá entre nós
Isso é grande coisa

Um comentário:

  1. Fantástico! Eu poderia dizer muitas coisas, entretanto, tudo que eu imaginei está aí, nas entrelinhas, a respeito do eterno diretor.
    Gab, te admiro.

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